

O poligrafo da SIC, contactou os Veterinários Sobre Rodas, de forma a que o nosso veterinário Diogo Sá Campos, respondesse a algumas questões relativas aos animais de estimação dos politicos portugueses, e candidatos a primeiro ministro. Será que os politicos estão cada vez mais ligados aos seus animais de estimação de forma a chegar mais perto dos eleitores? Será que consideramos que a escolha de um animal de estimação pode refletir a personalidade de quem o está a acolher/adotar? Estas são algumas questões feitas pelo poligrafo. Juntámo-nos ao nosso colega Luis Nuno Silva, médico veterinário residente nos Páises Baixos para responder a algumas questões. Veja as nossas respostas abaixo!
Considera que a escolha de um animal de estimação pode refletir a personalidade de quem o está a acolher/adotar?
Consideramos que sim. Há pessoas mais fascinadas pelo sentido de lealdade dos cães, enquanto outras são seduzidas pela personalidade mais marcada dos gatos.
O que podemos esperar de quem adota um felino, por exemplo? E quais são os principais traços de personalidade destes animais?
Não creemos que seja possível "adivinhar" a personalidade de alguém só pelo facto de ter gatos, mas o que creio é que a maior parte dos tutores de gatos aprecia nestes animais a sua agilidade, coordenação, o facto de terem realmente uma personalidade marcada e única e de serem na sua grande maioria independentes. Ao mesmo tempo podem ser bastante próximos das pessoas para terem afectos e atenção/comida.
Costuma dizer-se que os gatos têm o seu staff (os seus humanos). Um tutor de um gato é alguém que não se importa de ter esta "função" perante os seus gatos.
E no caso dos cães? Há figuras historicamente ligadas a regimes autoritários que escolheram ter cães. Podemos associar isto ao facto de se tratar de um animal mais obediente?
Não vemos uma ligação entre ditadores e cães. Um grande número de pessoas no mundo escolhem ter cães e não têm quaisquer tiques ditatoriais. Talvez até algumas dessas pessoas de regimes ditatoriais tivessem tido também gatos, os quais não são possíveis de levar para uma parada militar ou algo do género.
Sinceramente não vejo a ligação.
Fidel Castro tinha cães? Stalin tinha cães? Não fazemos ideia.
Há também o vilão do James Bond que tinha um gato.
Quando estamos perante um coelho, o que acha que leva as pessoas a escolher este animal? Qual é o nível de atenção que eles exigem, por exemplo?
A escolha por um coelho creio que se prende primeiramente com o facto de se gostar do animal em si e da sua aparência. Depois, é também um animal que não tem tanta necessidade de interacção com os humanos como um cão ou um gato, pelo que talvez seja mais ajustado para pessoas que passem pouco tempo em casa, por motivos profissionais.
Não creemos que exijam tanta atenção no sentido emocional (apesar de conseguirem criar laços com as pessoas e até gostar dessa companhia) mas necessitam sem dúvida que mudanças na sua saúde sejam rapidamente detectadas, uma vez que são animais que não podem passar muitas horas sem ingerir alimento e rapidamente deterioram o seu estado.
Considera que se possa fazer uma distinção política dos adotantes com base na escolha dos companheiros de estimação?
Não, não considero que se possa fazê-lo. Já fui 100% um "dog person" e agora tenho mais tendência a preferir gatos. Continuo a ser a mesma pessoa, responde o veterinário e colega Luis Nuno Silva.
Há alturas em que a nossa vida se adequa mais a ter um cão, ou um gato, ou outro animal. Não creio que defina traços da nossa personalidade de esse modo decisivo.
No entanto alguns estudos feitos na Universidade do Texas indicam que:
- 11% dos tutores de cães são mais auto-disciplinados, forte sentido de dever, e tendem a criar mais planos para a sua vida.
- 15% dos tutores de cães são mais extrovertidos.
- 11% dos tutores de gatos consideram-se pessoas mais abertas, e destacam-se em campos como a curiosidade, criatividade e arte.
- 12 % dos tutores de gatos são mais neuróticos que os de cães (facilmente stressados, ansiosos e com preocupações).
O que dizer quando se compra um animal? Um cão de raça... Um gato... O que é que isso revela?
Diogo Sá Campos responde que comprar uma determinada raça pode ser por factores estéticos ou de moda (como actualmente ter um bulldog francês), ou por ter já experiência com uma raça e gostar da personalidade, actividade e aparência dessa raça. É relativamente fácil prever como será no geral a personalidade de um cão de uma determinada raça. Algumas pessoas gostam de determinados traços de carácter em cães e gostam de saber que com outro cão da mesma raça vão provavelmente repetir as mesmas características. Em gatos é bem mais difícil de prever o que vai sair "dali", em termos de personalidade, mesmo em raças específicas.
Não creio que comprar um animal de raça divulgue alguma coisa menos boa sobre alguém. Há muitos animais abandonados e a necessitar de um lar, mas isso não faz das pessoas que os adoptam pessoas melhores do que as que compram. Importante é dar amor e uma vida boa aos animais que escolhemos para a nossa família.