Antes de falarmos sobre o hipertiroidismo felino, uma doença do gato geriátrico e diagnosticada pelo seu veterinário quase sempre através de análises clínicas, temos primeiro de perceber um pouco qual a função deste órgão que aqui aparece alterado, a tiróide.
O QUE É A TIROIDE?
A tiroide é uma glândula situada na zona da traqueia, de uma enorme complexidade no que toca às inúmeras funções que desempenha, e o seu papel na regulação do metabolismo seja talvez o mais importante. A tiroide é responsável pela produção e libertação das hormonas T3 e T4. Estas, por sua vez, são essenciais no desenvolvimento e diferenciação de todas as outras células, regulam o metabolismo proteico, lipídico (ou gorduras) e dos hidratos de carbono, e contribuem também para a regulação da temperatura corporal, pressão arterial, entre muitas outras funções metabólicas que desempenham.
Regressando ao tema, o hipertiroidismo em gatos, após esta curta e sucinta análise às funções desta glândula e das hormonas que produz, é percetível o seu impacto, principalmente por se tratar da doença endócrina mais comum no gato. Na sua definição mais básica, o hipertiroidismo Felino caracteriza-se por um aumento na produção das suas hormonas e este desajuste está diretamente relacionado com as alterações que se verificam no funcionamento do organismo.
SINTOMAS
Assim, os tutores começam a ver um animal que tem vindo a perder peso, mas que contrariamente a este sinal, até tem mais apetite. Descrevem que vêem o gato a beber mais água e com maior frequência de descargas de urina associada.
Por vezes parece até que o gato anda mais activo, mas perdido, desassossegado. O pêlo começa a perder o brilho e a ficar quebradiço e seco.
Lembra-se de falarmos que uma das funções destas hormonas é a regulação da temperatura corporal? Alguns estudos demonstram uma alteração de comportamento curiosa nestes animais de estimação, que preferem dormir em zonas mais frescas, no chão mais fresco, quando comparado com gatos saudáveis, que tendem a gostar mais de zonas quentes e confortáveis. Infelizmente, a progressão destes sintomas, até que se tornem perceptíveis pelo tutor é algo lenta, levando a uma consequente tardia visita do veterinário.
DIAGNÓSTICO
Chega então a hora do médico veterinário actuar e procurar recolher não apenas a história detalhada pelo tutor, mas também todos os sintomas apresentados pelo animal, e assim realizar os exames complementares necessários à confirmação da suspeita. A colheita de sangue e a sua análise é fundamental, assim como um exame à urina, não esquecendo nunca que esta doença necessita de alguns parâmetros que a possam diferenciar de outras doenças que apresentam sintomas semelhantes. Deve ser medida a pressão arterial, realizado um exame oftalmológico, uma ecocardiografia, entre outros.
TRATAMENTO
Infelizmente, o tratamento desta doença representa um grande desafio para o médico veterinário, e o melhor será sempre adequar os meios disponíveis ao paciente em causa, ou seja, optar pela individualização da terapêutica apropriada, pois todas elas trazem vantagens e desvantagens. Existem opções como medicação oral, mas que por ter de ser administrada diariamente, a aceitação por parte do tutor e do animal pode ser desafiante pela longevidade implicada. Uma outra solução passa pela cirurgia e remoção total da tiróide, o tratamento de eleição veterinário para a cura desta doença, mas que implica termos um animal estável para que possa ser submetido a este procedimento, sob pena deste não resistir à anestesia e ao procedimento cirúrgico em si.
PROGNÓSTICO
Por todas estas razões, o prognóstico para o hipertiroidismo em gatos está dependente de inúmeros factores mas sublinhamos a importância do conhecimento por parte do tutor que, munido destas ferramentas que os Veterinários Sobre Rodas aqui subscrevem, podem levar a uma percepção mais rápida do que se está a passar com o seu gato.